"Não é pesado o labor do homem na terra? Seus dias não são como os de um assalariado?
Como o escravo que anseia pelas sombras do entardecer, ou como o assalariado que espera ansioso pelo pagamento,
assim me deram meses de ilusão, e noites de desgraça me foram destinadas.
Quando me deito, fico pensando: ‘Quanto vai demorar para eu me levantar? ’ A noite se arrasta, e eu fico me virando na cama até o amanhecer.
Meu corpo está coberto de vermes e cascas de ferida, minha pele está rachada e vertendo pus.
"Meus dias correm mais depressa que a lançadeira do tecelão, e chegam ao fim sem nenhuma esperança.
Lembra-te, ó Deus, de que a minha vida não passa de um sopro
Os que agora me vêem, nunca mais me verão
Assim como a nuvem esvai-se e desaparece, assim quem desce à sepultura não volta.
Nunca mais voltará ao seu lar
Sou eu o mar, ou o monstro das profundezas, para que me ponhas sob guarda?
Quando penso que a minha cama me consolará e que o meu leito aliviará a minha queixa,
mesmo aí me assustas com sonhos e me aterrorizas com visões.
Prefiro ser estrangulado e morrer do que sofrer assim
sinto desprezo pela minha vida! Não vou viver para sempre
"Que é o homem, para que lhe dês importância e atenção,
para que o examines a cada manhã e o proves a cada instante?
Nunca desviarás de mim o teu olhar? Nunca me deixarás a sós, nem por um instante?
Se pequei, que mal te causei, ó tu que vigias os homens? Por que me tornaste teu alvo? Acaso tornei-me um fardo para ti?
Por que não perdoas as minhas ofensas e não apagas os meus pecados? Pois logo me deitarei no pó